sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Gikovate: uma alma filósofa.

Flávio Gikovate é médico psiquiatra, psicoterapeuta, conferencista e escritor, formado pela Universidade de São Paulo, em 1966, e desde 1967 (segundo Wikipedia) trabalha como médico psicoterapeuta. Autor de quase trinta livros, alguns deles publicados em outras línguas, mantém um programa de rádio semanal, "No divã com Gikovate", na CBN.

Eu o conheci (não pessoalmente) em uma de minhas angustiantes pesquisas sobre "o que é o amor", pelas páginas do Google. Às vezes, surge a curiosidade de ouvir opiniões diversas sobre esse tema tão intrigante. É que tenho uma fome de conceitualismo. Então, encontrei o Gikovate em um vídeo sobre amor e amizade, e o considerei desde então uma alma-irmã, pois temos o mesmo fluxo de pensamento. Além disso, gosto da maneira como ele fala, com serenidade e sem achismos. Deve ter muita história para contar. 

Extraí do site dele, www.flaviogikovate.com.br, alguns trechos que julguei interessantes:

"O amor corresponde a uma busca de completude. Todos nós, desde o início da vida, temos a sensação de sermos incompletos. Parece que só nos sentimos inteiros e em paz quando estamos com o nosso eleito. Assim, é óbvio que nosso primeiro amor é nossa mãe, e todos os outros objetos de amor que venhamos a ter ao longo de nossas vidas serão substitutos dela.

As crianças são extremamente dependentes de suas mães, com as quais têm a sensação de estarem fundidas. Sentem-se inseguras quando estão longe delas e vivem atormentadas pelo pesadelo de que ela poderá abandoná-las ou morrer.

Quando refletimos sobre as relações amorosas entre adultos, percebemos que o modo como se unem é muito semelhante ao sentimento que liga uma criança a sua mãe. 
[...]
O outro tipo de relacionamento íntimo que vivenciamos é o da amizade. Aqui, o prazer da companhia é tão importante quanto o que existe nas relações chamadas amorosas. A confiança recíproca e a cumplicidade costumam ser até maiores do que as alianças encontradas entre o que se amam. Somos mais respeitosos e menos dependentes de nossos amigos.

Qual a conclusão? Para mim, fica claro que o amor é um processo infantil que costuma se perpetuar ao longo da nossa vida adulta. A amizade é um tipo de aliança muito mais sofisticada porque não busca a fusão e sim a aproximação de duas criaturas que tenham importantes afinidades e interesses em comum." 
Confiram o vídeo Gikovate: amor x amizade:


Paz e amizade a todos.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Um tributo incomoda muita gente, 61 tributos incomodam, incomodam, incomodam, incomodam, incomodam...


Assunto irritante mesmo este o da carga tributária do Brasil, país que segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) ocupou, em 2013, a última posição entre os BRICS (bloco composto por Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul), com relação a carga tributária, e segundo lugar na América Latina, perdendo apenas para a Argentina. Já no plano mundial, de acordo com dados divulgados pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em 2010, o Brasil encontrava-se em 14ª lugar, a frente de países como Canadá, Reino Unido, Estados Unidos e Japão. 

O sistema tributário brasileiro é composto por 61 tributos (não tenho certeza se são 61 ou 63) federais, estaduais e municipais. Especialistas da área consideram essa quantidade um exagero (e eu concordo com eles). 

O site Brasileiros pagam 61 tributos diferentes lista alguns dos tributos pagos por nós, em âmbito federal, estadual e municipal.

  • 48 tributos são de âmbito federal: contribuição sindical laboral, FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), Imposto de Renda de pessoa física ou pessoa jurídica, IPI (Imposto sobre produtos industrializados).
  • 05 tributos estaduais: ICMS, IPVA, ITCMD (Imposto sobre Tramitação Causa Mortis e Doação), contribuição de melhoria e taxas do registro do comércio (Juntas Comerciais).
  • 08 tributos municipais: contribuições de melhoria, IPTU, ISS, ITBI (Imposto sobre transmissão de Bens Intervivos), taxa de coleta de lixo, taxa de combate a incêndios, taxa de conservação e limpeza pública e taxa de emissão de documentos. 


"Essa cobrança de impostos é uma coleta de dinheiro feito pelo Governo para pagar suas despesas. Uma das formas de se medir o impacto dessa coleta é comparando-a com o produto interno bruto, que corresponde à soma das riquezas produzidas pelo país em um ano. Se a carga tributária do país corresponde a aproximadamente 35,3%, significa dizer que os cofres públicos recebe um dinheiro equivalente a mais de um terço do que o país produz. Esses recursos deveriam voltar para a sociedade em forma de serviços públicos. Mas, muitas vezes, os cidadãos, além de pagar impostos, pagam do bolso por serviços de educação, saúde, segurança, que são deveres do Estado, segundo a Constituição Brasileira. Ou seja, a renda disponível para consumo é ainda menor do que a carga tributária dá a entender." (Texto extraído do site O que é carga tributária?)



Ainda segundo o IBPT, o brasileiro trabalhou em média 150 dias, no ano de 2012, apenas para pagar impostos. A ineficiência do governo de oferecer serviços de qualidade e infraestrutura faz com que o brasileiro tenha que continuar a trabalhar até o dia 30 de setembro para pagar pelo que é prestado de forma ineficiente. 


Imposto de Renda é o que mais incomoda, mas tributo sobre consumo pesa mais. Os tributos sobre o consumo (ICMS, PIS, Cofins, IPI, ISS) são os que mais pesam na conta. Segundo o IBPT, eles correspondem a 23,24%, em média, da renda do contribuinte. Mesmo assim, é o Imposto de Renda o tributo que mais faz sofrer o brasileiro.

"É dele que as pessoas mais reclamam porque veem descontado no contracheque" - avalia Rubens Branco, da Branco Consultores. "Já o imposto de consumo, ele não vê, o que não quer dizer que o imposto indireto seja mais justo", considera.

Segundo o IBPT, os tributos sobre a renda “comem” 14,72% da renda das famílias, enquanto que aqueles sobre o patrimônio correspondem a 3,02%" (Texto extraído do site Brasileiro trabalha quase cinco meses só para pagar imposto, diz IBPT)

De Brevitate Vitae, Sêneca

Lucius Annaeus Sêneca, um dos célebres advogados, escritores e filósofos do Império Romano, foi um dos homens que influenciou profundamente minha vida. Mesmo tendo morrido há 1949 anos, ainda consegue instilar questionamentos filosóficos mundo afora. 

Li um de seus muitos livros "Sobre a brevidade da vida" há aproximadamente sete anos atrás, e me identifiquei com seus posicionamentos a respeito da avaliação do tempo, de si mesmo, da humanidade, e de tantas outras coisas ao longo daquelas brilhantes páginas.




É possível baixar o livro pela internet, em PDF, aqui Sobre a brevidade da vida, em PDF.

Cito alguns trechos marcantes da obra: 

"Não é curto o tempo que temos, mas dele muito perdemos. A vida é suficientemente longa e com generosidade nos foi dada, para a realização das maiores coisas, se a empregamos bem. Mas, quando ela se esvai no luxo e na indiferença, quando não a empregamos em nada de bom, então, finalmente constrangidos pela fatalidade, sentimos que ela já passou por nós sem que tivéssemos percebido. O fato é o seguinte: não recebemos uma vida breve, mas a fazemos, nem somos dela carentes, mas esbanjadores."

"...a vida, se souberes utilizá-la, é longa. Mas uma avareza insaciável apossa-se de um de outro, uma laboriosa dedicação a atividades inúteis, um embriaga-se de vinho, outro entorpece-se na inatividade; a este, uma ambição sempre dependente das opiniões alheias o esgota, um incontido desejo de comerciar leva aquele a percorrer todas as terras e todos os mares, na esperança de lucro; a paixão pelos assuntos militares atormenta alguns, sempre preocupados com perigos alheios ou inquietos com seus próprios; há os que, por uma servidão voluntária, se desgastam numa ingrata solicitude a seus superiores; a busca da beleza de um outro ou o cuidado com sua própria ocupa a muitos; a maioria, que não persegue nenhum objetivo fixo, é atirada a novos desígnios por uma vaga e inconstante leviandade, desgostando-se com isso; alguns não definiram para onde dirigir sua vida, e o destino surpreende-os esgotados e bocejantes, de tal forma que não duvido ser verdadeiro o que disse, à maneira de oráculo, o maior dos poetas: "Pequena é a parte da vida que vivemos." Pois todo o restante não é vida, mas tempo. Os vícios atacam-nos, e rodeiam-nos de todos os lados e não permitem que nos reergamos, nem que os olhos se voltem para discernir a verdade, mantendo-os submersos, pregados às paixões. Nunca é permitido às suas vítimas voltar a si: se por acaso acontecer de encontrarem alguma trégua, ainda assim, tal como no fundo do mar, no qual, mesmo após a tempestade, ainda há agitação, eles ainda assim são o joguete das paixões, e nenhum repouso lhes é concedido. Pensas que falo daqueles cujos vícios são declarados? Vê aqueles cuja fortuna faz acorrer a multidão: são sufocados pelos seus bens. A quantos as riquezas não são um peso! Quantos não verteram seu sangue por causa de sua eloquência e da presteza diária com que exibiam seus talentos! Quantos não estão pálidos por causa de seus contínuos prazeres!..."

[...]

São avaros em preservar seu patrimônio, enquanto, quando se trata de desperdiçar o tempo, são muito pródigos com relação à única coisa em que a avareza é justificada. Por isso, agrada-me interrogar um qualquer, dentre a multidão dos mais velhos: "Vemos que chegaste ao fim da vida, contas já cem ou mais anos. Vamos! Faz o cômputo de tua existência. Calcula quanto deste tempo credor, amante, superior ou cliente, te subtraiu e quanto ainda as querelas conjugais, as reprimendas aos escravos, as atarefadas perambulações pela cidade; acrescenta as doenças que nós próprios nos causamos e também todo o tempo perdido: verás que tens menos anos de vida do que contas.

O livro é pequeno, mas tem um conteúdo riquíssimo e deslumbrante!
Vale à pena lê-lo.


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Quando perdemos a noção da vida




Seria interessante se, por um instante, parássemos de verdade, e nos refugiássemos de nossas ridículas preocupações, de nosso materialismo, e nos perguntássemos: 

- O que, de fato, me faz feliz? 

Imagine, nesse momento raro de olhar-se para dentro de si, que tudo que é materialmente adquirível - o dinheiro pretendido, o corpo esteticamente esculpido, a cura de alguma deformidade, os prazeres orgásticos, já está ao seu pleno alcance. Imagine tudo isso por cinco minutos. E então? Já é plenamente feliz? Já tem tudo o que considera suficiente? Ou ainda lhe falta mais?

Creio que o que direi agora pode lhe parecer absurdo, mas a verdade é que você já tem tudo o que precisa. Basta que pare e perceba. 

Listo abaixo deleites da nossa vida que desprezamos insistentemente.
Entretanto, se estes nos faltassem, não hesitaríamos em trocar aquelas supostas condições de felicidade pelas que citarei a seguir:

1. A respiração sem empecilhos  
2. Um abraço carinhoso 
3  Ouvir a voz de alguém que amamos 
4  Dormir quando se está com muito sono
5  Conversar com nossos pais e amigos íntimos
6  Apreciar uma boa música
7  Sentir a textura, a temperatura e formato das coisas
8  Sentir o sabor dos alimentos
9  Fazer xixi quando se está apertado
10 Tomar banho gelado quando se sentir suado
11 Dançar energicamente como se ninguém estivesse vendo
12 Correr sem sentir dor nos joelhos
13 Cantar, mesmo que não se tenha talento para isso
14 Ajudar alguém a resolver um problema
15 Sentir-se socialmente colaborativo
16 Sentar quando se está cansado
17 Gargalhar à toa
18 Sentir a brisa da noite, numa cadeira de balanço.
19 Beijo na bochecha
20 Elogiar e ser elogiado
21 Escrever uma carta de amor
22 Ler uma declaração de amor
23 Rir de si mesmo
24 Ter uma genial idéia!
25 Acordar de um sonho bom.
26 Chorar de felicidade
27 Aquecer-se no frio
28 O poder de identificar-se - seu nome completo, sua cultura, seus valores, suas crenças.

Observe que você não tem que pagar por nada disso.
Qualquer item dessa lista tem custo zero, porém, incalculável valor. 

Ser feliz é muito simples. Basta que atente para o que você tem agora e valorize isso. 
Valorize seu tempo agora

Sonhe, sim! Mas não estacione no futuro por mais de cinco ou dez minutos. 
E não perca um só segundo com o passado, pois não há como voltar atrás.

É muito fácil perder a noção da vida e tornar-se uma pessoa triste, e quando isso acontece, tudo o que não temos torna-se nosso motivo de felicidade, e quanto mais temos, mais queremos, sem, no entanto, atingir contentamento que dure. 

O que aconteceu com o mundo foi uma distorção da percepção da realidade.

Agradeça a Deus por sua vida, pelo ar que respira e pela alimento que ingere.
Seja simples e feliz se tornará!

Vanessa Lobo (26/02/2014)






terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Joanna Leunis - the most graceful ballroom dancer I have ever seen

Em minha interminável pesquisa sobre dança, encontrei um vídeo de Joanna Leunis e Michael Malitowski apresentando uma rumba lindíssima. Era hipnotizante. 

O vídeo da apresentação era este aqui: 

O casal passou tanta emoção que fez com que eu me apaixonasse ainda mais pela dança a dois. 

A música escolhida por eles é cantada por Diana Krall "Look of Love" cujo trecho escrevo abaixo:

"The look of love is in your eyes
A look your smile can't disguise
The look of love is saying so much more then words 
could ever say
And what my heart has heard, well it takes my breath away
I can't hardly wait to hold, feel my arms around you
How long I have waited 
Waited just to love you, now that I have found you[...]"

A Joanna encantou-me profundamente com sua dança. Ela tem muita leveza e ao mesmo tempo muita força e sensualidade. 

Encontrei algo da biografia dela, em inglês, no Wikipedia.

"Joanna Leunis nasceu em 22 de Maio de 1981 (Então hoje ela tem 32 anos de idade), em Rocourt, Liège, Bélgica, é uma dançarina profissional. Com Michael Malitowski, ela é uma antiga vencedora do Campeonato Mundial de Dança Latina e atual vencedora do Campeonato Internacional de Dança Latino - Americana. O casal representou a Polônio até 2011, representando a Inglaterra a partir de então. 

Quando criança, aos oito anos de idade, ela sofreu de uma doença hematológica, similar a Leucemia, mas recuperou-se depois um ano na cama. Ela é uma mulher com boa formação e sabe falar Francês, Inglês, Holandês e Alemão e está atualmente aprendendo Italiano. Ela vem treinando ballet, sapateado e dança de salão, assim como dança latina. Ela teve vários parceiros antes de Malitowski. Aos 18, ela ganhou o Campeonato Mundial Latino Amador com Slavik Kryklyvyy. Mais tarde, com Malitowski, ela ganhou o WDC Campeonato Mundial de Dança Latina Profissional em 2008 e 2009. Eles são os atuais campeões do Open British 2012. O casal recentemente ganhou o primeiro lugar no Blackpool Dance Festival, 2012.
Como dançarinos competitivos, eles se especializaram completamente em eventos de dança latina."

Ultimamente andei pesquisando mais vídeos e percebi o quanto eles ainda conseguiram evoluir em sua dança, e o quanto ela tornou-se ainda mais graciosa e sensual ao mesmo tempo. 

Vejam esse vídeo, no qual eles fazem uma belíssima apresentação:
Joanna Leunis and Michael Malitowski , Rumba, 2012








O casal possui uma fanpage no Facebook. Você pode acompanhar o trabalho deles por lá. O endereço é este aqui: Fanpage de Joanna Leunis & Michael Malitowski.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Canções impregnantes

E aí, de tanto cantarolar pelos arredores da vida real, nos meus momentos de absenteísmo do mundo adulto, decidi que gravaria tudo e a qualquer momento. Eu vivia cantando coisas sem sentido, como um rádio mal sintonizado, mas um ou outro verso encantava-me e impregnava o cérebro o resto do dia. O problema é que se eu deixasse que passasse o tempo e me obrigasse o esquecimento daquilo, dava certo, e eu esquecia. Mas um dia decidi gravar. Fui gravando e arquivando, sem compromisso comigo, cantando feio, desafinado, pelo nariz ou pela boca, com uns, lararás, lererês, palavras soltas e verbos inteiros. Depois ia montando o quebra - cabeça de palavras e sons. Quando me vinha apenas a melodia, era mais fácil costurar nela um texto poético e fazer uma canção. Quando vinham-me as palavras ou as frases inteiras, às vezes, demoravam dois ou três anos até que se completasse a ideia. Uma vez pronta, podia-se encher o peito de ar, com alívio. Depois, guardava-as nas pastas amarelas do notebook e escutava-as uma a uma, intermitentemente. As canções impregnantes viravam canções para serem visitadas a qualquer tempo, por qualquer emoção. 

Ainda perguntam-me como faço canção. Não toco sax nem piano. De violão sei pouca coisa.  
Digo que uma parte vem da cabeça e outra parte do coração. 
E é assim como construir uma casa. Pode demorar, mas se fizer com carinho e cuidado, fica bonita e boa de morar.







domingo, 23 de fevereiro de 2014

Sobre a vontade de escrever

A vontade, às vezes, vem com força, me inquietando, tirando meu sono.
Surgem idéias de vários setores do meu cérebro, como se meus neurônios criativos jogassem aviõezinhos de papéis com idéias avulsas e malucas. Às vezes, interessam-me, outras vezes, nem dou trela.

Creio que para conseguir terminar um livro é preciso que haja organização de pensamento. Ou não?

Eu já comecei tantos livros, mas embaralho as cartas, as cenas, os personagens no meio do caminho e descobri que, por isso, sou boa em pequenos contos ou crônicas, porque assim não me dou tempo de pensar nas mil possibilidades que tenho e fica mais difícil mudar de ideia até o final da última página. Quando se escreve uma história de um ou dois parágrafos, a página que começa é a mesma do final. E eu gosto quando é assim.

Então, se eu escrever um livro será de histórias curtas, bem curtas.

Um exemplo:

Presente para alguém que tem tudo 

Entre as várias peças de roupas, que se amassássemos e empilhássemos, tornariam-se apenas uma montanha tecidos de cores e tamanhos variados com etiquetas de marcas chinfrins e chiquérrimas, procurei com ansiedade um presente para minha irmã, a que sempre gostou de coisas boas e caras, a vitrine da riqueza. Não poderia dar-lhe uma bolsa de um salário mínimo ou mais, pois iria contra minha moral financeira tampouco uma camisa de cem reais, pois a verdade é que ela tem tudo que lhe agrada, e não seria uma camisa de cem reais que abrilhantaria seu dia de aniversário. Recorri a um livro, já que na minha opinião livros têm valor inestimável. Dou o livro pois não há que se preocupar com tamanho ou fazenda, não tem cós nem bainha pra ajustar. Tudo o que precisa fazer é sentar, ler, pensar e aprender. E, entenda - quem começa a aprender, nunca aprende o suficiente. Sempre caberá mais um livro na estante da alma. 

Vanessa L (23.02.2014)




quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A postura do corpo na dança e na vida

A procura por uma postura saudável foi algo que me motivou a procurar a dança. 



Percebi que as pessoas que mantinham uma boa postura tornavam-se elegantes e admiradas, em qualquer idade. Além disso, parecia indicar saúde física e auto - estima, algo que eu também almejava.  

Mas, antes de tudo, o que é a postura? Uma das definições é esta: A postura é a atitude adotada pelo conjunto de articulações do corpo em determinado momento permitindo a estabilidade corporal. 


E o que seria postura ideal? 
É resultante  do equilíbrio dinâmico dos vários segmentos corporais, nas variadas posições, caracterizando-se por um máximo de eficiência fisiológica e biomecânica (ligamentar e tendíneo-muscular), requerendo um mínimo de esforço e tensão(Momesso, 1997)

Geralmente, quem tem má postura não tem consciência disso. Era o meu caso. Eu tenho uma hiperlordose lombar que eu acentuava mais ainda ao andar, tinha ombros encurvados e tensos, a postura da cabeça para frente, como na foto acima. Fora tudo isso, eu tenho os joelhos valgos e escoliose lombo sacra.  

Essa minha postura, totalmente errada, fazia com que sentisse dores constantes de forte intensidade em todo o corpo, mas principalmente na lombar e na cervical (pescoço).

Eu não era feia, mas sentia-me como tal. Apresentava trabalhos acadêmicos com muita dificuldade e eu não projetava muito bem a minha voz. Os ouvintes sempre pediam para que eu falasse mais alto. Eu tinha vergonha de mim e, por isso, mal conseguia fazer contato visual com as pessoas ou sorrir para elas. Eu era extremamente inibida.

Tudo na minha vida mudou com a dança, principalmente a maneira como me vejo. A dança fez com que eu abrisse os ombros e os posicionasse para baixo, revelando meu pescoço, que estava "escondido", o que me deu mais sensualidade. Ao mesmo tempo, levantei meu tórax, mostrando-me mais altiva e determinada, minha cabeça voltou para a posição correta, alinhada com a coluna cervical. Isso me fez mais elegante e minhas dores melhoraram consideravelmente. Era o que eu queria.

Considera-se que a postura está relacionada também com o posicionamento adequado das vísceras torácicas e abdominais. Assim, se você tem boa postura articular e muscular, provavelmente seus órgãos estarão trabalhando em um espaço otimizado. 

Hoje em dia, apresento trabalhos com mais facilidade, minha voz sai com fluidez, pois minha postura possibilita que meu diafragma seja melhor utilizado durante a execução da fala. 

A procura pela postura ideal não deve acabar nunca, entrelaçando-se sempre com a procura pelo autoconhecimento. O conhecer o próprio corpo (propriocepção), como ele deve ser, como deve funcionar, não sucumbindo aos fatores externos, implicando que sejamos mais fortes que eles, leva-nos a uma estrada cheia de desafios. 










Um vídeo que gostei muito e indico que assistam é este aqui:

Muito recomendo.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

E que seja um sonho realmente bom...

Adicionar legenda
Para que eu possa saborear sem remorsos, mesmo ciente da minha intolerância à lactose.
Que valha à pena sonhar com um sonho bom.

Na real?
Eu NUNCA comi um sonho na minha vida! Juro. E, olha, já tenho 27 anos. Como pude chegar até aqui sem permitir que meu paladar conhece o sabor de um sonho?!


Vinte e sete anos, e sinto como se não tivesse feito nada de interessante a minha vida inteira.


Nem escrevi um livro, nem plantei uma árvore, nem criei um bicho, nem pari, nem nada. Sinto-me um fracasso. Claro que poderia ser pior. Não vou discutir isso.

Quero colocar as cartas na mesa, mostrar que tinha tantos sonhos para serem provados e nem cheguei perto de sentir o cheiro de algum deles.

Meus sonhos? Tinha (ou tenho) vários:

1. Queria viver de arte (pintora, compositora, escritora, roteirista, etc). Fiz umas músicas, umas poesias, umas prosas poéticas, mas descobri com o tempo que nem eram tão boas assim. De qualquer forma, vale à pena ficar expondo por aí já que as pessoas escutam até Anitta e Luan Santana, e ainda por cima cantam junto! Vai que um dia funciona pra mim também, não é mesmo?

2. Queria ser dançarina. Fiz aulas de dança de salão, ballet e umas poucas de dança do ventre, mas a história não vingou. Isso de parar e voltar várias vezes não funciona para quem quer se profissionalizar na dança. Você tem que assumir uma postura séria e responsável se quiser ser um bom dançarino. Mas se quer aprender para dançar apenas nas festinhas com os amigos tá valendo.

3. Queria aprender uma Arte Marcial. Fiz quatro meses de Jiu Jitsu e só lutei de verdade uma vez com um menino de doze anos de idade (eu tinha vinte e um) que era faixa branca também, como eu. Pelo menos eu ganhei aquela luta.

4. Queria fazer canto lírico. Fiz quatro aulas. Preciso dizer mais alguma coisa?

5. Queria ser médica. A faculdade de Medicina foi a única coisa que eu consegui finalizar. Mas sou perfeccionista demais e sinto que não mereço essa bela carreira.

Será que um dia terei foco em alguma coisa?

Não é que os sonhos sejam inalcançáveis. Eu que não lutei por eles o suficiente.

Quando aprender o sentido da luta poderei degustar minhas vitórias.